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quarta-feira, 11 de março de 2015

A PERDA DA TRANSCENDÊNCIA

Como é ficar longe

De algo que se quer tanto

Por tanto tempo?

Como é mergulhar em

reminiscências e sentir perder

a aura dos tempos áureos?

É duro, meu amigo. É como

Se uma louca, traiçoeira

Tanto quanto silenciosa,

Invadisse o coração da gente

Na surdina, sem barulho.

Aos poucos, sem dar o menor aviso de intromissão,

altera a composição dos neurônios

e impõe cimento às janelas

do pensar.

O lirismo pede exílio,

A alma endurece,

O olhar simplesmente se esquece

das inúmeras possibilidades

da realidade múltipla.

Assim, no fim das contas,

só resta o prazer da carne crua,

da imagem fácil,

da palavra sem dose de

mistério.

É duro, amigo, estar e não

estar ao mesmo tempo

na realidade

e viver uma vida psicológica

de pobreza e isolamento.

Rafael Cardoso

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